Vai ser um raide só para maiores de 20 anos, mas não falamos da idade dos participantes: são as máquinas admitidas à partida que terão de contar com pelo menos duas décadas e a iniciativa fará a estreia do Classic Overland Portugal, com data marcada para os primeiros quatro dias de Novembro próximo. A revista Todo Terreno está desde já associada ao Raid COP 2023!
A receita não é inédita, nem sequer em Portugal, mas finalmente ganha visibilidade ou, pelo menos, sai da ‘clandestinidade’ imposta pelo âmbito muito restrito, para ser proposta livremente a quem estiver interessado: fazer um raide por caminhos de terra, mas com a particularidade de não usar jipes. Ou seja, ao limitar a participação aos automóveis ditos ‘normais’ maiores de 20 anos de idade, o recém constituído Classic Overland Portugal além de introduzir uma componente de aventura onde ela não existiria se as viaturas fossem modelos de todo terreno, lança as bases para popularizar os passeios fora da estrada com uma nova vertente que lá fora tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos…
Há alguns anos, nos primeiros dias de Janeiro o Rali Dakar cruzava-se com uma caravana algo surreal: eram os participantes do Raid Plymouth/Dakar, que entre 2003 e 2010 ligava esta cidade no sudoeste de Inglaterra à capital do Senegal, prosseguindo boa parte das vezes até Banjul, capital da Gâmbia. Para integrar esta caravana, recordamos, os candidatos tinham de provar que o carro que inscreviam não lhes tinha custado mais de 100 libras, ou menos de 120 euros na nossa moeda! O ‘Plymouth/Dakar’ tinha ainda uma regra curiosa, a de no final todos oferecerem o seu carro para um leilão, cuja receita revertia integralmente para uma instituição local, na Gâmbia, normalmente ligada à saúde ou à formação de crianças, como orfanatos e escolas.
Claro que no Reino Unido é bastante fácil comprar por 100 libras um automóvel a andar e com condições suficientes para atravessar o Sahara e descer até à África negra, mas se multiplicarmos o valor por cinco, ou até dez vezes, em Portugal não será, mesmo hoje, difícil encontrar um carro que permita alinhar no Raid COP 2023.
Preparação verdadeiramente ‘minimalista’
Propor um raide que atravessa Portugal do Minho ao Algarve em quatro dias apenas para automóveis pré-clássicos é o desafio do Classic Overland Portugal. E a palavra desafio “faz todo o sentido”, conforme sublinha Frederico Gomes, que juntamente com Tito Morão e Arlindo Duarte dão corpo a esta nova organização. “Um automóvel que muitos classificam apenas como velho, ganha nova vida se o usarmos numa actividade que até aqui parecia apenas acessível aos jipes quando, na verdade, sempre se andou por caminhos de terra com viaturas perfeitamente normais”, sustenta Frederico Gomes.
Além da regra exigida de terem de ser maiores de 20 anos de idade, poderão participar quaisquer automóveis, “mas terão de cumprir com algumas regras mínimas”, adianta, por sua vez, Tito Morão, salientando que “a preparação exigida está devidamente especificada no regulamento”, que já está disponível em www.classicoverlandportugal.pt. Em concreto, “os carros deverão contar com uma protecção inferior para o cárter do motor e para o depósito de combustível”. Mas, adicionalmente, a organização “recomenda que a suspensão seja elevado, no mínimo, em cinco centímetros”, tal como deixa bem vincado que “não serão admitidos veículos com pneus não homologados para circular na via pública!”
Exigido será ainda que cada veículo disponha de um aparelho do tipo Terratrip, mecânico ou digital, para contar com precisão os metros percorridos. O Terratrip pode ser ainda substituído por um smartphone ou tablet com funções de odómetro, “pelo que bastará descarregar uma entre as diversas aplicações disponíveis, inclusive sem custos”, sublinha Frederico Gomes.
Percurso recordará troços do Rali de Portugal
O Raid COP 2023 inicia-se a 1 de Novembro em Lousada, onde os participantes enfrentarão uma prova de regularidade em circuito fechado, no traçado da pista de ralicross local.
A primeira etapa conclui-se em Guimarães e no dia seguinte, a caminho de Penela, o itinerário visita alguns dos troços mais emblemáticos do Rali de Portugal, começando pelos da região de Fafe.
Já no terceiro dia, que levará a caravana até Évora, haverá a passagem pelas classificativas de terra da Lousã e Arganil, bem como uma nova prova de regularidade em circuito fechado, na pista de ralicross de Mação.
Para o último dia fica reservada a ligação de Évora a Quarteira, que fará a passagem por algumas classificativas usadas pelo Rali de Portugal na serra algarvia. A terminar, haverá um jantar festivo, que promete ser animado pela entrega dos prémios relativos às duas provas de regularidade que se realizarão nas pistas de Lousada e Mação.
É melhor ir pensando em inscrever-se…
As inscrições ainda não abriram, mas para quem possa estar interessado neste desafio restrito aos automóveis maiores de 20 anos, recomendamos que é melhor ir pensando em inscrever-se e sugerimos mesmo um contacto com a organização, consultando o sitio da internet acima indicado ou escrevendo para [email protected]. Nada como garantir antecipadamente que terá lugar na caravana…
Texto: Alexandre Correia Fotos: Vasco Morão