Foi com apenas sete especiais disputadas que terminou, a meio da tarde de hoje, o Rali Casinos do Algarve, segunda prova pontuável para o Campeonato de Portugal de Ralis e que marcou o regresso da ronda algarvia ao CPR, numa jornada marcada por diversos acidentes, nomeadamente entre candidatos aos lugares cimeiros.
A correr em casa, as coisas não podiam ter corrido melhor a Ricardo Teodósio e José Teixeira que, depois de verem o piloto WRC Craig Breen abandonar muito cedo devido a uma saída de estrada, acabaram por triunfar no seu rali do coração, ao volante do Hyundai i20 N Rally2, apesar da forte pressão do Skoda Fabia de Miguel Correia e Jorge Carvalho, que foram os primeiros líderes da prova algarvia, viram alguns segundos mal contados devido a terem que parar logo no primeiro troço da manhã para socorrer Bernardo Sousa, o tempo atribuido não teria sido o mais justo , visto que nos tempos intermédios vinham com uma vantagem de 5,5s para Ricardo Teodósio, e com o tempo atribuido ficaram a 11,4s de Teodósio. Sempre a tentar recuperar o tempo “perdido” venceram a Power Stage, terminando o rali no 2º lugar a apenas 16,4 segundos de Teodósio e passando assim a liderar o Campeonato de Portugal de Ralis. Numa prova que contou com o cancelamento das duas últimas especiais, devido ao adiantar da hora, o 3º lugar acabou por ser alcançado pelo ressurgido Pedro Meireles em Hyundai a 43,1 segundos, seguido pelo Citroen de José Pedro Fontes a 1m12,1 de Ricardo Teodósio e pelo saudita Al-Rashed em Skoda Fabia. Entre as viaturas de duas rodas motrizes, o triunfo foi para Ricardo Sousa num Peugeot 208 Rally4, enquanto o sempre competitivo Adruzilo Lopes venceu na categoria Promo num Mitsubishi Lancer. Um Rali do Algarve algo ensombrado pelos nomes sonantes e excelente competitividade do Rali dos Açores, e um CPR que passa a contar com Miguel Correia como novo líder.
Aos comandos de um Hyundai i20 N Rally2, do Team Hyundai Portugal, os Campeões Nacionais de 2019 e 2021 demonstraram desde cedo que estavam apostados num bom resultado. Depois de um bom qualifying, a dupla optou por uma posição de ordem de partida que se comprovou acertada e que acabou por ser decisiva na discussão da vitória. “Estamos mesmo muito satisfeitos com esta vitória. É a primeira vez que triunfamos à Geral num Rali do Algarve a pontuar para o Campeonato Nacional. É um objetivo cumprido. O fim-de-semana correu-nos muito bem e conseguimos ter a estrelinha de campeão que nos tem faltado. Sabíamos de antemão que o rali ia ser exigente e por isso preparamo-nos muito bem para este desafio. O nosso Hyundai i20 N Rally2 esteve irrepreensível e conseguimos bater o Miguel Correia numa boa luta pela vitória. Estamos muito satisfeitos e motivados para as próximas provas”, garantiu.
Já José Teixeira não escondeu a alegria de vencer pela primeira vez em 2023: “Foi um fim-de-semana de muita diversão, alguns nervos à mistura, mas onde tudo nos correu bem. Tomámos as opções certas nos momentos mais críticos e isso tornou-se fundamental para atingirmos este resultado final. A apoteose com que fomos recebidos em Portimão na City Stage comprova que a família #24 está forte e que, daqui em diante, será muito difícil travar esta onda positiva que nos rodeia”, assumiu.
Para Miguel Correia a vitória poderia ter sido possível, mas este 2º lugar e a consequente liderança do campeonato, já são desfechos muito positivos.
“Ficámos a poucos segundos da vitória e mostrámos que somos bastante rápidos. Foi um rali bem disputado e estou muito satisfeito com o resultado, embora a verdade desportiva não tenha estado em destaque. A vitória na Power Stage foi gratificante e demonstrativa do que consigo fazer, pois acabei por vencer mais de metade dos troços. Este foi um resultado que considero bastante positivo e estou bastante feliz por liderar o campeonato”, afirmou Miguel Correia.
O último lugar do pódio acabou na posse de Pedro Meireles (Hyundai i20 N Rally2), que nunca largou os primeiros lugares, fazendo tudo por merecer esse “prémio” há muito aguardado… “O terceiro lugar foi bom, estou satisfeito, mas tenho pena de hoje de manhã, devido a uma rótula da suspensão traseira partida, ter perdido algum tempo, pensando que o problema tinha origem nos pneus… De tarde não quis arriscar, pois precisava de chegar ao fim, dado que há muito não terminava um rali. Espero ser ainda mais competitivo na Aboboreira”, comentou o piloto de Guimarães.
Para o Citroën Vodafone Team, este segundo evento da temporada não teve o desfecho pretendido, com a dupla José Pedro Fontes/Inês Ponte a terminar na quarta posição final, resultado aquém dos objetivos traçados pela equipa, que estava determinada em assegurar uma posição no pódio.
Foi difícil a manhã para a dupla que tripula o Citroën C3 Rally2, que viu a sua performance condicionada por um pião e, posteriormente, após uma saída de estrada. Desta forma, José Pedro Fontes pouco mais pode fazer – ainda para mais num rali muito compacto – do que levar o seu carro até final e, assim, somar mais 14 pontos para o Campeonato de Portugal de Ralis.
“Definitivamente , não era este o resultado que pretendíamos, mas aqueles atrasos da manhã, num rali com estas características, deitaram por terra qualquer esperança de alcançarmos um dos lugares de topo. Uma vez mais, imprimimos um bom ritmo e, nos troços que cumprimos sem percalços, fomos rápidos. Estivemos na luta pelos lugares da frente. Porém, não nos foi possível fazer melhor. Estamos desapontados… Temos uma nova batalha já dentro de três semanas e é no sentido de estar na força máxima no Rali de Terras d’Aboboreira que vamos desde já começar a trabalhar,” esclareceu José Pedro Fontes.
No 5º lugar ficou saudita Rakan Al-Rashed, tripulando o único Škoda Fabia RS Rally2 presente.
Já o regressado Paulo Meireles ficou com o 6º lugar com o seu Hyundai i20 N Rally2. “Alinhei ainda a sofrer os efeitos de uma forte gripe e apostado em adquirir ritmo e fazer quilómetros. O resultado final acaba por corresponder às minhas expetativas. Espero surgir melhor no Rali Terras D’Aboboreira”, disse Paulo Meireles.
Pedro Almeida e Mário Castro terminaram o Rallye Casinos do Algarve no sétimo lugar, o piloto de Vila Nova de Famalicão saiu do Algarve algo frustrado pelo resultado final e com a sensação de que poderia ter terminado mais à frente: “Não começamos bem o rali neste sábado, apanhámos muito pó de quem saiu na nossa frente e tivemos duas saídas de estrada que nos retirou confiança e só à tarde conseguimos melhorar e atacar um pouco mais, e acabamos por terminar com o mesmo tempo do sexto classificado, tendo recuperado 11.8’’segundos nas duas classificativas que disputamos (ndr: as duas últimas PEC do rali foram anuladas), e por isso alguma frustração pelo resultado final, porque fica-nos a sensação de que podíamos ter terminado um bocadinho melhor …” apontou Pedro Almeida.
De regresso ao CPR, Diogo Salvi (Skoda Fabia Rally2 Evo) confessou falta de uma boa condição física, o que não o impediu de terminar num confortável oitavo posto, enquanto o jovem Lucas Simões (Ford Fiesta R5 MK II) deu mais um passo em frente na sua época de aprendizagem entrando do “top 10” e concluindo na frente de Paulo Neto (Skoda Fabia Rally2 Evo), cujo furo no último troço da manhã não deixou de penalizar o seu desempenho, “Sem dúvida que poderíamos ter alcançado um melhor resultado. Logo no primeiro troço apanhámos imenso pó devido à nossa posição na estrada e à diferença de apenas um minuto para o concorrente anterior. Depois, com dois minutos de intervalo, as coisas melhoraram, mas acabámos por ter três furos que nos obrigaram a perder imenso tempo. Foi na verdade um rali que soube a pouco, sabendo que tinha condições para fazer melhor, pois o carro esteve excelente”, disse Paulo Neto.
Nas duas rodas mandou o “príncipe” Ricardo Sousa
No Campeonato 2RM (duas rodas motrizes) Ricardo Sousa (Peugeot 208 Rally4) dominou, com uma diferença final de 1m24,8s para o campeão Ernesto Cunha (Peugeot 208 Rally4), que ao partir no grupo da frente acabou por ser prejudicado por “abrir a estrada”. “Apesar de tudo, conquistei um grande resultado, face às circunstâncias em que disputei os troços. Tive que ser paciente e não arriscar, caso contrário teria ficado pelo caminho”, dizia o campeão em título, enquanto o vencedor, Ricardo Sousa, falava de um triunfo estratégico: “Sabia que de manhã deveria entrar um pouco ao ataque, até porque partíamos atrás. O plano deu certo e após o almoço procurámos gerir a vantagem e correu tudo bem, somando o número máximo de pontos para o campeonato”.
O ucraniano Anton Korzun (Peugeot 208 Rally4), muito regular e mesmo com alguns percalços, como um furo, também garantiu um lugar no pódio.
No Campeonato Júnior, Hugo Lopes (Peugeot 208 Rally4) chamou a si o triunfo, somando quase meio minuto de diferença para Kevin Saraiva (Peugeot 208 Rally4), com Gonçalo Fernandes (Peugeot 208 Rally4), o campeão em título, a sair do Algarve com o terceiro lugar final.
Fotos: AIFA | Rui Reis e Albano Loureiro
Classificação final CPR
Classificação | Equipa | Tempo |
---|---|---|
1º | Ricardo Teodósio/José Teixeira (Hyundai i20N Rally2) | 52:36.6 |
2º | Miguel Correia/Jorge Carvalho (Skoda Fabia Rally2 Evo) | +16.4 |
3º | Pedro Meireles/Pedro Alves (Hyundai i20N Rally2) | +43.1 |
4º | José Pedro Fontes/Inês Ponte (Citroën C3 Rally2) | +1:12.1 |
5º | Rakan Al-Rashed/Dale Moscat (Skoda Fabia RS Rally2) | +1:33.1 |
6º | Paulo Meireles/Marcos Gonçalves (Hyundai i20N Rally2) | +1:54.4 |
7º | Pedro Almeida/Mário Castro (Skoda Fabia Rally2 Evo) | +1:54.4 |
8º | Diogo Salvi/Hugo Magalhães (Skoda Fabia R5) | +2:27.7 |
9º | Lucas Simões/Nuno Almeida (Ford Fiesta R5 MK II) | +2:51.3 |
10º | Paulo Neto/Nuno Mota Ribeiro (Skoda Fabia Rally2 Evo) | +3:30.0 |
Classsificação final CPR2
Classificação | Equipa | Tempo |
---|---|---|
1º | Ricardo Sousa/Luís Marques (Peugeot 208 Rally4) | 57:41.0 |
2º | Ernesto Cunha/Rui Raimundo (Peugeot 208 Rally4) | +1:24.8 |
3º | Anton Korzun/Pavlo Kononov (Peugeot 208 Rally4) | +1:47.2 |
4º | Hugo Mesquita/Valter Cardoso (Renault Clio Rally4) | +2:51.9 |
5º | Pedro Silva/Roberto Santos (Peugeot 208 Rally4) | +3:29.8 |
Classificação | Equipa | Tempo |
---|---|---|
1º | Hugo Lopes/Tiago Neves (Peugeot 208 Rally4) | 1:01.10,8 |
2º | Kevin Saraiva/Beatriz Pinto (Peugeot 208 Rally4) | +28.5 |
3º | Gonçalo Fernandes/Fernando Miguel (Peugeot 208 Rally4) | +2:16.2 |
4º | Dário Rebelo/António Pereira (Peugeot 208 R2) | +2:52.2 |
5º | Guilherme Meireles/Carlos Magalhães (Peugeot 208 Rally4) | +3:40.7 |
6º | José Quintas/Paulo Marques (Peugeot 208 R2) | +3:53.5 |