Duas provas em simultâneo, em regiões que apostam fortemente no turismo é uma falta de consideração.
O Azores Rallye deixou de fazer parte do Campeonato da Europa de Ralis (ERC) e também abandonou o Campeonato de Portugal. Tudo no mesmo ano! Esta situação parece caricata, ainda por cima quando se reconhece a qualidade da prova açoriana, que este ano contou com nomes altamente cotados no panorama dos ralis mundiais. Não alterar as datas de uma prova que foi excluída do CPR e que decorreu em paralelo com a nova versão em terra do Rali do Algarve, parece-nos no mínimo um desperdício. Não existiram condições financeiras para manter a prova açoriana no europeu e no nacional de ralis, mas, à última hora, existiram contextos para levar aos troços da ilha de São Miguel nomes sonantes como Sébatiem Loeb e Andreas Mikkelsen, para além dos também consagrados (embora muito menos), Ole Veiby, Nil Solans e Erik Cais. Quem ganhou com isto? Seguramente que não foi a prova açoriana e muito menos a algarvia, que até contou com diversas ocorrências e consequentemente com o cancelamento dos dois últimos troços. Enfim, é esta a realidade com que temos de conviver em plena época de crise.
Um cartaz de luxo na ilha de São Miguel
Todos em Skoda Fabia RS Rally 2, quase parecia um troféu dedicado a estrelas dos ralis. O nove vezes campeão do mundo deixou-se encantar pelas paisagens da ilha de São Miguel e, como era de prever, não deu hipóteses a ninguém, nem sequer ao campeão do mundo do WRC2 e da Europa, Andreas Mikkelsen, mais do que habituado a tripular um Skoda, enquanto Loeb se estreava aos comandos do carro da marca checa. Controlo total de Sebastien Loeb e uma vitória com 19,2 segundos de vantagem para Mikkelsen e triunfo na Power Stage. Palavras para quê? A muito maiores distâncias ficaram Nil Solans (a 1m17,8) e Ole Veiby (a 1m32,9). E quem haveria de ser o melhor piloto português em prova? O ex-campeão nacional Ricardo Moura foi o único que rolou mais perto de andamentos europeus e mundiais, terminando no 5º lugar a 1m40,1 de Loeb e apenas a 7,2 segundos de Veiby, deixando Erik Cais na 6ª posição a 18,3 segundos. Ricardo Moura não conseguiu resistir aos encantos de uma prova como o Azores Rallye, acabando por arrancar uma boa exibição ao volante do Skoda Fabia, apesar de estar parado há demasiado tempo. Depois Luís Miguel Rego e Ruben Rodrigues também em Skoda Fabia, seguidos pelo Citroen C3 de Pedro Câmara e pelo Ford Fiesta de Bruno Amaral, que fecharam o “Top Ten” de uma prova adulta e sempre bem conseguida.
Pelos “algarves”, quem acabou por mandar foi o “rei” Ricardo Teodósio
A correr em casa, as coisas não podiam ter corrido melhor a Ricardo Teodósio e José Teixeira que, depois de verem o piloto WRC Craig Breen abandonar muito cedo, devido a uma saída de estrada acabaram por triunfar no seu rali do coração, ao volante do Hyubdai i20 N Rally2, apesar da forte pressão do Skoda Fabia de Miguel Correia e Jorge Carvalho, que foram os primeiros líderes da prova algarvia, viram alguns segundos mal contados e até venceram a Power Stage, terminando o rali no 2º lugar a apenas 16,4 segundos de Teodósio e passando a liderar o Campeonato de Portugal de Ralis. Numa prova que contou com o cancelamento das duas últimas especiais, devido ao adiantar da hora, o 3º lugar acabou por ser alcançado pelo ressurgido Pedro Meireles em Hyundai a 43,1 segundos, seguido pelo Citroen de José Pedro Fontes a 1m12,1 de Ricardo Teodósio e pelo saudita Al-Rashed em Skoda Fabia. Entre as viaturas de duas rodas motrizes, o triunfo foi para Ricardo Sousa num Peugeot 208 Rally4, enquanto o sempre competitivo Adruzilo Lopes venceu na categoria Promo num Mitsubishi Lancer. Um Rali do Algarve algo ensombrado pelos nomes sonantes e excelente competitividade do Rali dos Açores, e um CPR que passa a contar com Miguel Correia como novo líder.
Fotos AIFA|Nuno Antunes e Albano Loureiro