As primeiras dunas não assustaram João Ferreira e Filipe Palmeiro, a dupla portuguesa que está a disputar no Emirado de Abu Dhabi a segunda das cinco provas do Campeonato do Mundo FIA de Ralis-Raids. Concluída a primeira etapa, o Yamaha conduzido por Ferreira ocupa a quarta posição do grupo T3, repetindo o resultado do prólogo, que se disputou este domingo. Na frente, segue igualmente, tal como havia acontecido no prólogo, a Toyota Hilux de Nasser Al-Attiyah e Mathieu Baumel…
Mantendo o percurso tradicional, num recanto do deserto do ‘Empty Quarter’ encostado à fronteira com a Arábia Saudita, o Abu Dhabi Desert Challenge compreende este ano um total de 1285 quilómetros cronometrados. Os primeiros seis foram disputados ontem nos arredores da cidade de Abu Dhabi, com um prólogo poeirento, que desde logo permitiu à Toyota de Nasser Al-Attiyah e Mahtieu Baumel colocar-se na liderança, seguida pelos BRX de Guérlain Chicherit/Alex Winocq e Sébastien Loeb/Fabién Lurquin. Os portugueses João Ferreira e Filipe Palmeiro conseguiram o quatro posto entre as equipas do grupo T3 e foram ainda os 14º mais rápidos em termos absolutos.
Já esta segunda-feira, nos 242 quilómetros da primeira etapa, totalmente decorrida em pleno deserto, as primeiras dunas não assustaram os nossos representantes, que mantiveram a quarta posição no grupo T3 – entre 20 equipas – embora tenham descido quatro lugares em termos de classificação geral.
“Estava tudo a correr muito bem e tínhamos acabado de ultrapassar dois dos nossos adversários – Al Qassimi, num Mini da X-Raid e Rokas Baciuska, num Can Am T4 da South Racing – uns 20 quilómetros antes da neutralização do sector selectivo, quando após cruzarmos uma duna, parámos e o ‘Rokas’, que ainda vinha muito próximo de nós, não conseguiu desviar-se e bateu-nos na traseira” – contou à revista Todo Terreno Filipe Palmeiro. A consequência mais grave deste acidente foi “ter-se cortado um tubo dos travões, que nos deixou sem travões. Ainda parámos duas vezes para tentar reparar o problema, mas acabámos por ficar sem pressão no sistema e os travões deixaram de funcionar. Claro que isso não nos impediu de prosseguir até ao fim, mas não nos permitiu continuar com o mesmo ritmo e, evidentemente, atrasamo-nos um bocado”, prosseguiu o navegador.
Apesar deste incidente logo nas primeiras dunas, João Ferreira mantém-se “confiante quanto a um bom resultado”, sublinhando que “ainda faltam mais de mil quilómetros cronometrados e não vão, com certeza, faltar oportunidades para recuperar!”
Al-Attiyah e Baumel adiantam-se…
Entretanto, entre os primeiros, Nasser Al-Attiyah e Mathieu Baumel não só estenderam o seu avanço, contando agora com seis minutos e cinco segundos sobre a Toyota de Yazeed Al-Rajhi e Timo Gottshalk, como se ‘livraram’ de dois dos adversários mais temíveis: Guérlin Chicherit decidiu não prosseguir em prova, depois de por duas vezes ter-se sentido de tal forma indisposto, que teve de parar longos minutos à espera que o enjoo passasse; a repetição destes enjoos levaram o piloto francês a desistir e procurar apoio médico. E se isso deixou de fora o BRX que ocupava a segunda posição à partida desta primeira etapa, também o BRX de Sébastien Loeb e Fabién Lurquin deixou de figurar entre os primeiros, pois ficou parado após apenas 39 quilómetros, aguardando pela assistência, para que fosse resolvido em plena pista o problema que o impediu de continuar a rolar. E é caso para dizer que a história repete-se, pois já no ano passado Loeb tinha perdido cerca de hora e meia logo na etapa de abertura do Abu Dhabi Desert Challenge. Ao ficar de novo pelo caminho na jornada em que a caravana enfrentou as primeiras dunas, o piloto da BRX-Prodrive ainda poderá vir a recuperar e marcar pontos para o Campeonato do Mundo, mas ficou prematuramente arredado da discussão pela vitória…
Texto: Alexandre Correia Fotos: DPPI/Julien Delfosse/D.R.
