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Atacar ou resistir? Eis a questão…

Atacar ou resistir? Esta é a questão que se coloca mais fortemente na categoria dos automóveis. Os 17 minutos que separaram a Toyota Hilux de Nasser Al-Attiyah do Mini JCW Buggy de Stéphane Peterhansel serão suficientes para o francês vencer? Como sempre, Al-Attiyah afirma que não desistirá de lutar pela vitória, senão no último metro, o que deixa a corrida ao rubro. E nas motos, com menos de um minuto de diferença entre os dois primeiros, o duelo é ainda mais explosivo. Kevin Benevides e Ricky Brabec sonham com a vitória, a menos que a Honda decida por eles e dê instruções para se renderem? Não seria a primeira vez que a vitória no ‘Dakar’ seria determinada pelos interesses de uma equipa, travando os seus pilotos…

À partida para a penúltima etapa do Rali Dakar 2021, permanece em aberto a discussão pela vitória em três categorias e o dilema é este: atacar ou resistir? Mas onde a questão não se coloca, de modo algum, é entre os camiões, pois os três lugares do pódio estão perfeitamente entregues. E se o Kamaz de Dmitry Sotnikov perder os 47 minutos de avanço que dispõe, será o Kamaz de Anton Shibalov a passar para frente. E se este também falhar, resta ainda o Kamaz de Airat Mardeev, que segue na terceira posição, com cerca de 20 minutos de avanço sobre o Tatra de Ales Loprais.

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PARA A KAMAZ, O TRIUNFO ESTÁ PRATICAMENTE ASSEGURADO, JÁ QUE OS TRÊS CAMIÕES DA MARCA RUSSA LIDERAM DESTACADOS. NA DIANTEIRA, DESDE A PRIMEIRA ETAPA, DMITRY SOTNIKOV É O PROVÁVEL VENCEDOR…

Al-Attiyah promete não dar tréguas a Peterhansel!

Comparados com os 51 segundos entre os dois homens da Honda que estão à frente da classificação das motos, os 17 minutos e 1 segundo que separam os carros de Peterhansel e Al-Attiyah parecem uma eternidade. Seja como for, uma coisa é certa: o piloto do Qatar não se cansa de dizer que vai acelerar tanto quanto puder até ao controlo de chegada, em Jeddah.

Ao longo dos anos, já nos habituámos a ver Nasser Al-Attiyah envolvido em emotivos duelos. Nem sempre saiu vencedor, mas sempre arriscou até não poder mais. Pela inversa, Stéphane Peterhansel já conhece a ‘receita’ para vencer o Rali Dakar, ou não o tivesse conseguido por 13 vezes. Recordamos que Peterhansel venceu seis vezes a categoria de motos, sempre aos comandos de uma Yamaha. Depois, ao volante dos automóveis, ofereceu três vitórias à Mitsubishi, a que somou mais duas em Mini e outras tantas em Peugeot. Se na sexta-feira for o primeiro a subir ao controlo de chegada, em Jeddah, dilatará o recorde de vitórias e brindará à Mini um terceiro triunfo seu, o sexto para a marca.

VENCER É O QUE MOVE NASSER AL-ATTIYAH. MAIS AINDA QUANDO SE TRATA DO RALI DAKAR, ONDE PERSEGUE A QUARTA VITÓRIA ABSOLUTA. SE O CONSEGUIR. SERÁ O SEGUNDO SUCESSO DE SEMPRE CONQUISTADO PELA TOYOTA, DEPOIS DA VITÓRIA DO PILOTO DO QATAR, EM 2019. TUDO DEPENDERÁ DE CONSEGUIR RECUPERAR EM DOIS DIAS 17 MINUTOS…

Também os portugueses oscilam entre atacar ou resistir?

Líder desde a segunda etapa, Peterhansel somente na nona tirada foi o vencedor, mas fê-lo de forma determinante, ganhando uma dúzia de minutos que lhe permitiram distanciar-se de Al-Attiyah. O piloto da Toyota, por seu turno, tem pago com constantes furos o seu intenso ataque. Nesta altura, acreditamos que perante o dilema de atacar ou resistir, qualquer um escolherá continuar a atacar. O que garante um final especialmente emotivo para a prova.

Falando dos portugueses, a questão é a mesma: atacar ou resistir? Filipe Palmeiro, navegador do lituano Benediktas Vanagas, tudo fará para que os sete minutos que separam a sua Toyota Hilux do buggy Optimus MD de Christian Lavieille sejam superados. Se o conseguirem, sobem uma posição, para o 10º lugar.

Semelhante é a situação de Lourenço Rosa e Joaquim Dias, que ocupam a 11ª posição absoluta entre os veículos ligeiros. Mas para subirem ao 10º posto, terão de anular os 15 minutos de atraso sobre Khalifa Al-Attiyah, o irmão mais novo de Nasser!

Ainda na categoria dos veículos ligeiros, é garantido que Rui Carneiro e Filipe Serra escolham atacar até ao fim. O Can-Am desta dupla está no 28º lugar, a apenas um minuto do concorrente anterior e a menos de 5 minutos do 26º classificado. A possibilidade de um esforço adicional ser recompensado com a subida de duas posições é grande.

Entre as motos, Joaquim Rodrigues está já no 11º lugar, mas para subir ao ‘top ten’ teria de melhorar mais de meia hora nas duas etapas finais. Não será fácil, mas considerando que a questão da primazia está totalmente em aberto, nada nos diz que não haja mais alguém a ficar pelo caminho e a dar ‘espaço’ à recuperação de Rodrigues? Quanto a Rui Gonçalves, está no 21º lugar e para alcançar a Gas-Gas de Laia Sanz, a sua Sherco teria de recuperar 38 minutos…

Vão ser dois dias intensos para Porém e Monteiro…

Também em 21º, mas na classificação dos automóveis, Ricardo Porém e Jorge Monteiro estão a apenas 5 minutos de recuperar mais duas posições. Para isso, o Borgward BX7 Evo dos portugueses terá de ultrapassar os buggys de Dominique Housieaux e Wei Han. E se as coisas lhes correrem mesmo bem, ao contrário do que aconteceu na décima etapa, ainda é possível chegaram ao 18º lugar.

Mais atrás, também entre os automóveis, o lituano Gintas Petrus e o nosso compatriota José Marques, estão consolidados no 31º lugar. O buggy desta dupla já leva 24 minutos de atraso relativamente ao concorrente anterior. E o que irão escolher: atacar ou resistir? Sexta-feira saberemos…

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PARA RICARDO PORÉM E JORGE MONTEIRO, ESTAS DUAS ETAPAS FINAIS SERÃO ESPECIALMENTE DESAFIANTES. ESTÃO MUITO PERTO DE CONSEGUIR LEVAR O BORGWARD BX7 EVO ATÉ AO 18º POSTO FINAL; BASTA RECUPERAREM UM QUARTO DE HORA…

Texto: Alexandre Correia Fotos: D.R.

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