As previsões ficaram piores do que se esperava. A pandemia do Covid-19 mexeu com tudo. Vai ser impossível ultrapassar esta 3ª guerra mundial sem sofrimento e sem os inevitáveis sacrifícios. Estamos a viver tempos inacreditáveis, só retratados em filmes de ficção científica. Mas agora é verdade! Que o diga o deporto a nível mundial e essencialmente aquele adorado, mas também odiado por alguns: o futebol! Precisamente esse desporto que mexe com milhares de milhões, e que serve para embrulhar tantos negócios inimagináveis. Mas para nós, declarados apaixonados pelo desporto automóvel, a praga atacou as principais especialidades que fazem agitar multidões e suscitam interesses económicos importantes. O desporto motorizado está parado! Seja ele disputado em circuitos, com duas ou quatro rodas, ou nas estradas mais comuns, como os ralis ou o todo terreno. Uma coisa é certa. Em 2020 está tudo em causa. Mas o mais importante de tudo é sem dúvida a vida.
Se as nossas vidas estão adiadas, é natural que tudo aquilo que é menos importante fique também adiado. Não tem sido fácil tomar consciência da gravidade desta situação, que vai crescendo de forma monstruosa, colocando em causa os acontecimentos mais esperados pelos aficionados do desporto motorizado. Sob e égide da FIA, sucedem-se os adiamentos das principais disciplinas mundiais, como a Fórmula 1 e o WRC. A disciplina rainha ainda nem sequer arrancou. Para trás ficaram já os GP do Azerbeijão, Mónaco, Espanha. Holanda, Vietnam, Bahrain e Austrália, com o Canadá a caminho e também enormes dúvidas em relação a França e à Áustria. Um panorama tenebroso, quando é praticamente impossível reagendar 10 corridas em praticamente 5 meses, que por si já contam com 2 ou 3 provas por mês.
Os arautos da desgraça, que apostam no final da Fórmula 1, pelo menos nos moldes em que está a ser disputado o campeonato, não esperavam por esta dramática solução, embora as provas ecológicas de Fórmula E também estejam suspensas, adiadas ou canceladas. Para os amantes dos ralis, o panorama do WRC 2020 também não é o melhor. Até agora foram disputadas três provas, Monte Carlo, Suécia e México (encurtado nas 3 últimas especiais, já devido ao Coronavírus). O Chile foi cancelado, enquanto a Argentina e o nosso Vodafone Rally de Portugal foram para já adiados. Pelo caminho estará também a Sardenha (Itália), com a possibilidade do WRC voltar à ação com o estreante Quénia entre 16 e 19 de julho, dependendo da situação da pandemia e da sua evolução no continente africano. Portanto, uma situação algo dramática para que a FIA, promotores e organizadores consigam reagendar as provas de uma forma desportivamente correta para clubes organizadores, patrocinadores, equipas e pilotos. Os mais pessimistas, esperemos que não sejam os mais realistas, afirmam que este ano não haverá campeões do mundo. Vamos fazer força para que este pesadelo termine o mais rapidamente possível, porque tem de haver vida para além deste indesejável pesadelo.
Como não podia deixar de ser, em Portugal também está tudo pendente. A FPAK atempadamente suspendeu todas as atividades desportivas. No campeonato de Portugal de Ralis apenas se realizou o Serras de Fafe, com os Açores, Mortágua e Vodafone Rally de Portugal a ficarem adiados, restando agora saber o que se irá passar com Terras d’Aboboreira (12 a 14 de junho) e Castelo Branco (3 a 5 de julho). Também neste quadro, o Campeonato da Europa de Ralis que iria começar nos Açores entre 27 e 29 de março, terá de agendar novas datas para as primeiras provas, isto porque o Rali da Canárias também já está adiado. No Campeonato de Portugal de Todo Terreno já realizaram 2 provas, a Baja TT Vindimas do Alentejo e a Baja TT ACP. Depois disso já foram adiadas 3 provas, a Baja TT do Pinhal, Baja de Loulé e Baja TT Capital dos Vinhos de Portugal. Nesta vertente do desporto automóvel, vamos aguardar por um possível e lógico reagendamento do CPTT a partir do início do verão, com as condicionantes já conhecidos nesta época do ano.
Para já, é obrigatório salvar vidas e vencer a batalha perante o coronavírus. Isso é o mais importante de tudo. A seguir vem outra batalha, a de recuperar as economias que ficarão perigosamente abaladas. Quanto aos campeonatos e campeões, isso pode esperar, porque só temos uma vida, e ela merece ser saboreada com liberdade e todas as emoções.