Stéphane Peterhansel “nunca tinha corrido com um navegador que não falasse francês”, confessou o próprio piloto. Afirmou-o no final do Riyadh Rally, onde competiu ao lado de Paulo Fiúza. Fizeram uma dupla de sucesso na estreia saudita, pois começaram por obter o terceiro posto no prólogo e subiram a cada etapa. Ficaram em segundo lugar na primeira e venceram a segunda. No final, Peterhansel dizia, sobre Paulo Fiúza, que “precisei de algum tempo para me adaptar, mas depois correu bem!” Teria corrido ainda melhor, dizemos nós, se tivesse conseguido anular os 46 segundos que separaram o Mini JCW Buggy da Toyota de Yazeed Al-Rajhi, que foi o vencedor…
Penúltima das cinco provas do Campeonato Saudita de Ralis do Deserto, o Riyadh Rally levou até aos arredores da capital da Arábia Saudita dois dos Mini John Cooper Works Buggy oficiais. E já não voltaram à Alemanha, às instalações do Team X-Raid. Porque a um mês do Rali Dakar 2020, essa era uma viagem absurda.
A ideia desta participação foi uma questão de oportunidade. De aproveitar oportunidades. Por um lado, Yasir Seaidan, propôs que a equipa lhe disponibilizasse um dos novos Buggy para disputar pelo menos a penúltima prova do campeonato local. Cliente habitual da X-Raid, Seaidan é um dos candidatos ao título saudita; e ao terminar no terceiro lugar, imediatamente à frente da Nissan Navara de Essa Al-Doussani, bateu o seu mais directo adversário. E tudo ficou em aberto para se decidir entre ambos no Rali de Leste, que terá lugar nos próximos dias 12 a 14 de Dezembro.
Peterhansel e Paulo Fiúza discutiram vitória até ao fim
Por outro lado, já que a equipa da Mini tinha de ir à Arábia Saudita para assistir a participação de Yasir Seaidan, aproveitou para inscrever Stéphane Peterhansel. E sempre proporcionou ao piloto francês um contacto extraordinário com o ambiente que em breve irá encontrar no Rali Dakar. O que ninguém contava era que não pudesse participar com Andrea Peterhansel. À última hora, a sua mulher foi impedida de alinhar, por recomendação do médico da X-.Raid. E o português Paulo Fiúza foi seleccionado para substituir a navegadora de Peterhansel. O que fez desta prova um dupla estreia para ambos. Fiúza já tinha estado presente numa prova na Arábia Saudita, mas não Peterhansel. Que por sua vez, também jamais tinha competido com um navegador que não falasse francês…
Desenrolado em torno da capital saudita, o Riyadh Rally dividiu-se em três dias: no primeiro, disputou-se apenas um prólogo, com quatro quilómetros. A Toyota Hilux de Yazeed Al-Rajhi foi a mais rápida, seguida pela Ford F-150 do checo Miroslav Zapletal. O Mini JCW Buggy de Peterhansel e Fiúza foi terceiro. No segundo dia, cumpriu-se um sector cronometrado de 307 quilómetros no deserto em redor de Rumah. A vitória foi de novo obtida por Al-Rajhi, que se adiantou um pouco mais. Mas apenas ganhou 46 segundos a Peterhansel que, entretanto, ascendeu ao segundo posto.
Triunfo decidido por apenas 46 segundos
Na última etapa, com 16o quilómetros através do Parque Nacional de Saad, Peterhansel e Paulo Fiúza foram finamente os mais rápidos. No entanto, esta dupla de sucesso apenas recuperou oito segundos a Al-Rajhi. Conformando-se com o segundo posto final, entre o piloto da Toyota e Yasir Seaidan, com o segundo Mini JCW Buggy. A Nissan Navara de Essa Al-Doussani foi a quarta classificada, cabendo à Ford F-150 de Miroslav Zapletal o quinto posto!
Texto: Alexandre Correia Fotos: D.R.