Foram duas semanas de paragem na capital do Burkina-Faso. Mas para Hélio Rodrigues e Daniel Amaro, o pesadelo em Ouagadougou já acabou. E o UMM Alter da Volta a África já atravessou praticamente todo o território do Togo, o quinto país visitado pela expedição. Se tudo correr bem, no final da semana já estarão na Nigéria, depois de ultrapassarem ainda o Benin. É lá que se reunirão a Victor Moniz, que recuperará a sua Yamaha Ténéré, para em conjunto rolarem até Angola…
Até chegarem a Ouagadougou, a viagem da dupla que conduz o UMM Alter da Volta a África tinha decorrido sem incidentes. De toda a espécie. Mas na capital do antigo Alto Volta, que só em 1984 adoptou o nome actual, Burkina-Faso, “perdemos 15 dias em vão, à espera de conseguir o visto para o Ghana”. Quem o conta é Hélio Rodrigues, que nesta última segunda-feira perdeu “de vez a paciência. Na embaixada do Ghana, pediram-nos tudo e mais alguma coisa e nós fomos correspondendo. Até que, quando pensávamos que nos iam conceder o visto, disseram que ainda precisávamos de oferecer mais dinheiro. E disse-lhes abertamente que já não queríamos ir até lá!”
Duas semanas de intervalo “forçado” no Burkina-Faso
Para os dois aventureiros, foram duas semanas de intervalo “forçado” no Burkina-Faso. “Uma paragem inútil, tanto mais que ficámos demasiado tempo presos na capital, que é a maior cidade, mas está longe de ser encantadora”, disse à revista Todo Terreno Hélio Rodrigues. Para não perderem tempo, não exploraram convenientemente Bobo-Dioulasso, a segunda cidade do país, que é também o seu mais importante pólo cultural. A Grande Mesquita de Bobo-Dioulasso é uma das raras que foram construídas em adobe, segundo o estilo arquitectónico sudano-saheli. Nesta, é inclusive possível trepar pelas paredes exteriores, pelas traves de madeira que estão espetadas nas paredes!…
A longa espera pelo visto para o Ghana deu tanto descanso aos aventureiros, que até se cansaram disso. E o UMM foi lavado até ao pormenor e revisto. Foi quando se descobriu que um apoio de um dos amortecedores estava partido. Provavelmente até já arrancou assim de Lisboa. “Com o desconforto natural do UMM, nem demos por nada”, justificou Hélio Rodrigues.
E agora o UMM já está no Togo, às portas do Benin
Na última segunda-feira, assim que Hélio Rodrigues entendeu que a concessão do visto para acederem ao Ghana era um caso de extorsão, este país foi riscado do mapa. E imediatamente o UMM arrancou em direcção ao Togo. Os quase 1000 quilómetros entre as duas capitais, do Burkina-Faso e do Togo, foram percorridos de uma assentada. “E pelo meio ainda visitámos Sokodé e umas belas quedas de água”, explicou Hélio Rodrigues.
O Togo é quase que um corredor, entalado entre o Ghana e o Benin. A capital, Lomé, fica à beira do Atlântico. E foi mesmo na praia, nos arredores de Lomé, que o UMM estacionou após a chegada à capital. Os aventureiros montaram acampamento ali mesmo. E nesta terça-feira, prosseguiram até Togoville, pequena cidade, entre o oceano e um lago, já a meio caminho para a fronteira com o Benin.
O regresso à estrada não podia ter sido mais tranquilo. E a todo o momento o “velho” UMM que esteve mais de duas décadas ao serviço da GNR, entrará no sexto país africano. O rumo ainda continua a ser para sul…