As últimas pistas de terra e areia já ficaram para trás. Perdemos a conta aos quilómetros que percorremos fora da estrada; é mais sensato usar o termo de medição mais usual no Peru, onde as distâncias não se medem em quilómetros, mas sim em tempo de viagem. Neste caso, mais de dois terços da viagem foi cumprida assim, a fugir ao asfalto e às rotas onde há trânsito, desfrutando sozinhos de paisagens incríveis, com a certeza de que muito poucos estrangeiros (e mesmo peruanos) alguma vez as terão contemplado. Isso fez-nos sentir uns privilegiados. Agora que rumamos de novo a Lima, para a fase final desta viagem, acabou já o isolamento que se imagina nesta imagem captada pelo Paulo Calisto numa das nossas derradeiras incursões pelo deserto, num troço em que o Kia Sorento 4WD voou, literalmente, sob um piso infernal de “chapa ondulada”, onde ou passávamos a 5 km/h., suavemente sobre cada irregularidade do solo, ou passávamos a fundo, acima do ponto limite de vibração, embora com uma margem mínima de controlo real do andamento. Sobrevivemos. E o Sorento continua como novo. Aliás, é mesmo novo…