René Metge ficará para sempre conhecido como uma das mais notáveis figuras do todo terreno internacional. Como piloto, venceu por três vezes o Rali Dakar, mas depois foi director desta prova por duas edições, antes de se lançar na aventura de organizador por conta própria, dando corpo a provas memoráveis como o Rali Paris-Moscovo-Pequim, o Raid Hurricana e o Rali Master, para terminar na liderança da organização do África Eco Race.
Tinha gasolina no sangue, com certeza, pois toda a sua vida esteve ligada aos automóveis e, muito em especial, ao desporto automóvel, notabilizando-se primeiros nos circuitos, para depois alcançar a fama mundial ao tornar-se no primeiro “repetente” a vencer o Rali Paris-Dakar: primeiro em 1981, com um Range Rover 3.5 V8, depois em 1984 com um Porsche 953 e de novo em 1986 com um Porsche 959, que até ao fim da sua vida ficou como “o melhor carro que alguma vez conduzi!” – conforme nos contou antes de um agradável jantar em Belém, na sua última visita a Lisboa, quando concedeu uma grande entrevista para a revista Todo Terreno.
Metge conheceu o sucesso logo assim que se estreou nas competições, em 1972, vencendo a Taça Renault 12 Gordini, um troféu de velocidade que na época era bastante popular em França. Quando o Rali Paris-Dakar nasceu, foi um dos pilotos que não resistiu ao apelo de Thierry Sabine, tornando-se num dos participantes mais assíduos até, precisamente, a morte do criador desta grande maratona, em 1986. No ano seguinte, foi convidado por Gilbert Sabine, pai de Thierry, para dirigir o “Paris-Dakar”, que dirigiu também em 1988, para depois se lançar por conta própria como organizador. O seu projecto inicial, o Rali Paris-Moscovo-Pequim, esperou três anos até conseguir luz verde, mas a prova que fez realizar no Outono de 1992 ficou como uma das mais belas entre todas as competições de todo terreno de sempre.
Ao todo, Metge disputou por 14 vezes o Rali Dakar, algumas delas como de navegador de figuras tão ilustres como o antigo piloto de Fórmula 1 Patrick Tambay e o cantor francês Johnny Hallyday. Juntou-se a Jean-Louis Schlesser para a organização do Africa Eco Race para suceder a outro adversário do “Dakar”: o seu compatriota Hubert Auriol, que também já terminou a sua maratona. A de René Metge chegou ao fim na madrugada de 3 de Janeiro de 2024.