Aos 45 anos e com uma carreira de mais de duas décadas, na qual contabiliza dois títulos mundiais de ralis de Produção e sete títulos absolutos no CPR, Armindo Araújo, navegado por Luís Ramalho e aos comandos do Skoda Fabia Rally2 Evo assistido pela The Racing Factory, conquistou nesta edição do Vodafone Rally de Portugal o “galardão” de melhor piloto português pela 12ª vez.
– Neste momento emocionante de festejar a conquista do lugar de melhor dupla portuguesa, as primeiras palavras são dirigidas a alguém em especial?
“Vivi momentos muito difíceis na sequência do acidente em Fafe e agradeço à equipa médica que foi responsável por eu estar aqui hoje. Foram dois meses de muito trabalho, de muitas dificuldades, mas conseguimos alcançar um bom nível. Estamos competitivos e lográmos concretizar todos os nossos objetivos nesta prova duríssima. Valeu a pena todo o sacrifício por que passei!”.
– Há dois meses, nos primeiros instantes do acidente em Fafe passou-te pela cabeça que poderia ser o adeus forçado do Armindo Araújo aos ralis?
“Não, porque nem me apercebi muito bem do estado em que me encontrava. Quando cheguei ao hospital é que comecei a ter consciência do nível de fraturas que tinha e também da extensão das restantes lesões. As coisas complicaram-se um bocado, depois tive que ser operado e passei por um longo percurso de fisioterapia e recuperação. Mas o meu foco era sempre voltar o mais rápido possível e forte. Felizmente, conseguimos regressar fortes”.
“O PROJETO MINI CONDENOU A MINHA CARREIRA INTERNACIONAL”
– Olhando para trás, em 23 anos de carreira, qual terá sido o momento mais difícil? Quando a Mini [representada pela equipa Motorsport Itália], te deixou fora do Mundial?
“Sim, foi um momento muito difícil da minha carreira. Aliás, eu diria, sem dúvida, que a condenou a nível internacional. São dificuldades que vamos encontrando ao longo da vida, seja em que profissão for, e das quais também retiramos bons ensinamentos. O projeto Mini foi um projeto pouco feliz na minha carreira”.
– O que é que tem sido determinante neste regresso tão bem-sucedido pós-acidente?
“Acima de tudo, muita dedicação, espírito de sacrifício e uma grande vontade de voltar a vencer e de regressar ao que éramos antes…”
– Mesmo com duas pontuações a menos [Rally Serras de Fafe, Felgueiras, Boticas, Vieira do Minho e Cabeceiras de Basto e Rallye Casinos do Algarve], a hipótese de renovação do título em 2023 não é uma miragem?
“Estou alheado dessa discussão. Não estou preocupado com o título. Penso apenas prova a prova, os pontos vão aparecendo e quero fazer boas exibições em todas as competições em que participe. O que vier, em termos de pontuação final, é secundário para mim”.
– O Armindo Araújo piloto vai competir no CPR por mais quantos anos?
“Não sei, não consigo precisar se paro no final desta época ou se continuo. Neste momento ainda não sei o que vou fazer”.
– Esta época e até ao momento, quem mais te impressionou no CPR?
“Acho que há uma confirmação, o Miguel Correia, que está a protagonizar uma boa época. Os restantes pilotos estão a fazer aquilo que seria esperado. Portanto, direi que nada me está a surpreender muito…”