Em Badajoz já começou a contagem decrescente para mais uma edição da Baja Dehesa Extremadura. A prova, que este ano inaugura a Taça da Europa FIA de Bajas e é também pela primeira vez pontuável para o Campeonato de Portugal de Todo Terreno AM|48, regista um recorde de inscritos, com mais de 240 pilotos, provenientes de mais de duas dezenas de países!
Ainda não foi divulgada a lista de inscritos, que embora esteja definida, “aguarda ainda aprovação por parte da FIA”, disse à revista Todo Terreno um dos responsáveis pela organização da Baja Dehesa Extremadura, Alberto Pecero. De acordo com o mesmo responsável, “registámos um novo recorde de inscritos, que ultrapassa largamente o que já contávamos. Iremos receber em Badajoz pouco mais de 240 pilotos de todas as categorias, vindos de mais de duas dezenas de países, desde a Austrália à Lituânia, da Arábia Saudita à Polónia”. Este ano, a prova do Motor Club Villafranca foi enriquecida pela integração quer na Taça da Europa FIA de Bajas, quer ainda na Taça do Mundo FIM de Bajas, “mas ao tornar-se igualmente parte integrante do campeonato de Portugal, a presença de portugueses foi bastante reforçada, representando praticamente um quarto de todo o plantel”.
Uma das consequências do recorde de inscritos é “termos de rever os horários, pelo menos do prólogo, para que todos os concorrentes possam cumprir o percurso com luz do dia”, adianta Alberto Pecero. O novo horário, que “deverá ser anunciado muito em breve”, prevê adiantar o início do prólogo, “talvez pelo menos uma hora”, ou seja, cerca das 16h00 da próxima sexta-feira. As motos vão partir na frente, seguidas pelos automóveis e SSV, que neste caso correm em conjunto, pois somente são admitidos os SSV que competem de acordo com as regras da FIA; “motos” com volante são um caso único e exclusivo de Portugal, onde grande parte dos SSV ainda corre num campeonato organizado sob a égide da federação de motociclismo…
Recorde de inscritos obriga a rever horário
Adiante-se que o prólogo terá 5,9 quilómetros de extensão, num traçado próximo de Badajoz, junto à saída para Cáceres, após o qual todas as viaturas se irão dirigir a Portugal, para um reagrupamento em Elvas, que de caminho inclui uma passagem junto à muralha do centro histórico da cidade. “Estamos muito contentes com o entusiasmo que temos vindo a sentir em Elvas”, conta-nos Alberto Pecero, não escondendo que “já há planos para que no próximo ano a passagem por Portugal incluía também um sector selectivo!” Desta feita, a neutralização implica uma paragem de cerca de uma hora, junto ao imponente aqueduto de Elvas, num recinto que “teve de ser alargado para caberem todas as viaturas”, face ao recorde de inscritos.
Sábado, os automóveis terão dois sectores selectivos, ambos com partida de Alconchel, de onde o primeiro concorrente arrancará pelas 09h30, cumprindo 204,2 quilómetros cronometrados, que se estima sejam percorridos pelos mais rápidos em cerca de três horas. Isso quer dizer que haverá uma paragem pela hora de almoço, com uma neutralização em Badajoz. Depois, a partir das 16h30, os automóveis voltam a partir de Alconchel para o segundo sector selectivo, mais curto, com somente 134,1 quilómetros. Para os pilotos que concorrem apenas para o Campeonato de Portugal de Todo Terreno AM|48, a prova terminará quando regressarem a Badajoz, ao final da tarde. Todos os outros, prosseguem em prova até domingo…
A última etapa, com mais um sector selectivo de 155 quilómetros, arranca em Solana de los Barros pelas 09h00, prevendo-se que o primeiro concorrente atinja o controlo final, em La Albuera, pelas 11h15.
Portugueses são os favoritos
Favoritos no ano passado, João Ferreira e David Monteiro irão de novo estar presentes, mas não a correr juntos, como estávamos habituados. “Nesta temporada, irei acompanhar a Maria Luís, com quem, aliás, já fiz a prova de abertura do campeonato espanhol”, diz-nos David Monteiro, sublinhando que “tem sido uma experiência diferente, pois desempenho um papel que vai mais além do de um mero navegador”. O sexto lugar absoluto em “Mar de Olivos”, na primeira participação a bordo do Mini “X-Raid” com Maria Luís, “demonstra que ela tem vindo a evoluir bastante enquanto piloto e com o meu conhecimento do comportamento do Mini, vou trabalhar no sentido de a motivar a andar cada vez mais depressa, sobretudo agora que verifico que começa a habituar-se ao carro e já tem confiança para abordar convenientemente as curvas”. E a propósito da participação de João Ferreira com o Yamaha YXZ 1000R Turbo T3 da X-Raid, David Monteiro não hesita em considerar que “vai, com certeza, andar a discutir os primeiros lugares. Não arrisco que consiga bater os imensos T1+ que estarão presentes porque, de acordo com a organização, este ano o percurso tem um traçado mais rápido, o que retira alguma competitividade aos T3, dada a limitação da velocidade máxima a 135 km/h, mas não tenho dúvidas em como o João e o Filipe Palmeiro estarão sempre entre os mais rápidos!”
Quanto a João Ferreira, não só reafirma tudo o que o seu primo David Monteiro nos comentou, como acrescenta que “adorava que o nosso Mini já pronto e convertido com as especificações do grupo T1+, mas o trabalho na X-Raid está bastante atrasado e a única solução que nos permite correr nesta prova de que tanto gosto, é trazer um Yamaha do grupo T3”. João Ferreira considera que “o Yamaha T3 está num ponto em que o torna mais competitivo que os veículos concorrentes, pelo que aposto na vitória neste grupo, mas também não me dou por vencido em termos absolutos, pois conheço muito bem esta prova, ao contrário dos meus adversários directos. E, evidentemente, vou tentar tirar partido disso para andar à frente!”
João Ramos e Tiago Reis estreiam Hilux T1+
E se os automóveis do grupo T1+ serão, muito provavelmente, aqueles que irão dominar esta Baja Dehesa Extremadura, entre os sete que estarão presentes, há três Toyota Hilux DKR vindas de Portugal e qualquer um dos seus pilotos procurará assumir o protagonismo. Começamos por João Ramos e João Pedro Ré, que venceram em Beja a primeira prova do CPTT AM|48 com a mesma Toyota que agora irão ter como adversária, com o lituano Benediktas Vanagas ao volante. A pick-up encomendada por João Ramos já foi entregue e o piloto esteve a experimentá-la num circuito de terra na Beira Alta, entre Trancoso e Meda, de que exibiu um vídeo nas redes sociais, deixando entender a sua satisfação.
Hoje mesmo, os dois João Pedro – Ramos e Ré… – completam no Alentejo, na região de Portalegre, mais uma sessão de testes com a nova pick-up, conforme nos adiantou o piloto:”Mais do que fazer quilómetros para rodar, pois a Hilux T1+ já não é novidade, temo-nos concentrado em afinar a nova pick-up, que sexta-feira vou estrear, adaptando-a não só à minha condução, como ainda ao tipo de provas em que participamos”. Esse trabalho tem incidido sobretudo “na suspensão, que foi desenvolvida a pensar nas provas do deserto, não para as bajas, com traçados mais sinuosos e até estreitos, que exigem outro tipo de desempenho”, explicou-nos João Ramos.
O líder do Campeonato de Portugal de Todo Terreno AM|48 parte para Badajoz com “bastante curiosidade, pois trata-se de uma prova que não conheço, mas não vou totalmente às cegas, pois o meu navegador já teve essa experiência” – e que experiência: há dois anos, Alexandre e João Pedro Ré participaram com um Mini da X-Raid e discutiam a primazia quando se cruzaram de frente com um automóvel com uma família inteira a bordo, em pleno sector selectivo. “Foi o maior susto da minha vida”, recorda ainda hoje João Pedro Ré, que por pouco não chocou.
A propósito, João Ramos confidenciou-nos que a associação de pilotos de todo terreno pressionou bastante a FPAK no sentido de assegurar junto do organizador espanhol maior segurança para os concorrentes. E foi o responsável pela segurança da Baja Dehesa Extremadura, Alberto Pecero, que nos revelou que “pela primeira vez vamos ter um plano de policiamento muito efectivo, nomeadamente por parte da Guardia Civil, que não é normal nas provas em Espanha, onde por norma a segurança e o fecho dos percursos está entregue às próprias organizações”. Ciente de que “ao entrarmos para a Taça do Mundo FIM e Taça da Europa FIA, as responsabilidades e exigências são ainda maiores”, este responsável pelo Motor Club Villafranca afirmou à revista Todo Terreno que “já no ano passado, quando nos sujeitámos à inspecção da FIA, para entrarmos no ‘Europeu’, investimos imenso na segurança dos percursos, para que situações como essa, que ocorreu com os irmãos Ré, não voltem a repetir-se”.
Voltando aos portugueses que ambicionam discutir a vitória em Badajoz, João Ramos terá de contar com a oposição de Tiago Reis, mas também de Lourenço Rosa e de Alejandro Martins, que regressa à actividade com o Mini John Cooper Works Rally, completamente recuperado e revisto, depois do acidente que o piloto sofreu na Baja Portalegre 500, no final de Outubro do ano passado.
Alejandro Martins e José Marques continuam a dispor de um Mini T1, pois não o sujeitaram à evolução para T1+, mas contam com a vantagem de conhecer muito bem este carro, com o qual já ganharam a edição de 2021 desta prova. Já o mesmo não pode ainda dizer Tiago Reis, que nunca esteve presente na Baja Dehesa Extremadura e vai ter não só de “descobrir os segredos desta prova, como da condução da Hilux T1+, que praticamente não conheço, pois limitei-me a fazer apenas um breve teste, na Andaluzia, com o Nasser Al-Attiyah, quando negociei a compra do novo carro”. Tiago Reis disse-nos que só hoje, quarta-feira, “irei ter oportunidade de conduzir pela primeira vez a minha nova Toyota Hilux DKR, que irei estrear na Extremadura”. Bem mais ‘rodado’ sente-se Lourenço Rosa, que também fez um teste na mesma pista beirã, para confirmar o acerto da sua Toyota antes da deslocação a Badajoz, onde se estreará com o apoio técnico da ARC Sport. Mas, curiosamente, nenhum dos três conhece esta prova, tal como os quatro adversários inscritos em T1+, entre os quais se destaca o nome de Vanagas.
Texto: Alexandre Correia Fotos: AIFA/Albano Loureiro
