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Portugueses arrancam no ‘top ten’

Dizer que os portugueses arrancam no ‘top ten’ para o Rali Dakar 2021 pode parecer um exagero, mas há sempre várias perspectivas para tudo. E se observarmos a classificação do prólogo da segunda edição saudita do ‘Dakar’, podemos encontrar portugueses entre os dez mais rápidos de todas as categorias em que temos pilotos envolvidos: motos, SSV e automóveis!

Para nós, no entanto, quando escrevemos que os portugueses arrancam no ‘top ten’ para este ‘Dakar 2021’, pretendemos apenas fazer justiça aos resultados. Não, de modo algum, especular. Até porque entendemos que a forma como a organização escalonou a classificação do prólogo não foi a mais justa. Num troço muito curto, com cerca de uma dezena de quilómetros, houve imensos tempos a ser igualados. Por exemplo, o nono tempo de Ricardo Porém e Jorge Monteiro parece-nos bem mais real que o 17º posto que lhes foi atribuido.

Prólogo ‘carregado’ de empates: até no primeiro lugar

O Borgward da equipa de Leiria foi tão rápido quanto o Mini JCW Buggy de Stéphane Peterhansel, o BRX Hunter de Nani Roma e o Century CR6 de Yasir Seaidan. Porém e este trio de pilotos ficaram a 19 segundos do vencedor do prólogo, estabelecendo o nono melhor tempo. E já que falamos em vencedor, a organização atribuiu a primazia a Nasser Al-Attiyah, mas os 5m.48s. registados pela Toyota Hilux do piloto do Qatar foram replicados por outra equipa…

E como não estamos perante uma classificação final, atalhamos os critérios da A.S.O. e posicionamos no primeiro lugar quer Al-Attiyah, quer o sul-africano Brian Baragwanath. Para quem acompanhou com atenção a corrida dos quads, este nome não é estranho: subiu ao último lugar do pódio na edição de 2016, em que se evidenciou por duas vitórias em etapas. Baragwanath sofreu, depois disso, um violento acidente, que o fez decidir não voltar a correr de quad. Este engenheiro trabalha para a Century Racing, pequeno construtor de veículos de competição para todo terreno, estabelecido na África do Sul no final dos anos de 1990. O Century CR6 é obra de Brian Baragwanath, que além de conhecer como ninguém o carro que ajudou a projectar e construir, também o sabe conduzir. E mostrou que o faz com um ritmo ao mais alto nível!

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A MAIOR SURPRESA DO PRÓLOGO PASSOU DESPERCEBIDA, POIS NEM A ORGANIZAÇÃO RECONHECEU QUE A VITÓRIA FOI PARTILHADA ENTRE O BUGGY CENTURY CR6 DE BRIAN BARAGWANATH E A TOYOTA HILUX DE AL-ATTIYAH
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Brian Baragwanath preparou-se cautelosamente para este ‘Dakar’: participou na última temporada do campeonato sul-africano de todo terreno ao volante de um Century CR6. E desde logo elegeu como navegador a sua compatriota Taye Perry, uma jornalista que o ano passado concluiu o ‘Dakar’ em moto e tornou-se na primeira sul-africana a conseguir isso. E mesmo que a A.S.O. não lhes tenha atribuído a vitória, Baragwanath e Perry foram tão vencedores quanto Nassear Al-Attiyah e Matthieu Baumel!

E quando referimos que os portugueses arrancam no ‘top ten’, incluímos ainda o navegador Paulo Fiúza, chamado à última hora para acompanhar o lituano Vaidotas Zala. Este piloto de ralis ,que em 2020 venceu a primeira etapa do ‘Dakar’, volta a conduzir um Mini do Team X-Raid e estabeleceu o 10º tempo mais rápido, empatado com outro sul-africano: Giniel De Villiers. Também neste caso, a organização atribuiu o melhor resultado a Villiers, que se posiciona em 18º à partida da primeira etapa, à frente do Mini navegado por Fiúza. E este leva atrás de si outra equipa lituana/lusitana: Benediktas Vanagas e Filipe Palmeiro, de novo a bordo de uma Toyota Hilux. Ainda nos automóveis, temos uma terceira dupla lituana/lusitana. São eles Gintas Petrus e José Marques, que se conheciam por terem coincidido diversas vezes no Africa Eco Race, mas que jamais tinham competido juntos. O navegador de Petrus acusou positivo no teste ao COVID-19 antes de embarcar para Jeddah e José Marques foi convidado no momento certo para alinhar no ‘Dakar’. Este sábado, no prólogo, o buggy Petrus Kombucha, animado por motor Chevrolet, a gasolina, ficou no 57º posto, entre as 64 equipas de automóveis que ficaram classificadas.

Joaquim Rodrigues em décimo absoluto nas motos

portugueses arrancam no top ten
ACIMA DE QUALQUER DÚVIDA FOI O 10º LUGAR ABSOLUTO DE JOAQUIM RODRIGUES, QUE FAZ DELE O MELHOR DOS TRÊS ‘MOTARDS’ PORTUGUESES PRESENTES NESTA EDIÇÃO

Nas motos há também três equipas nacionais. No prólogo tiveram desempenhos semelhantes aos homens dos automóveis: Joaquim Rodrigues estabeleceu o nono melhor tempo, posicionando a Hero oficial no 10º posto absoluto. Neste caso, é incontestável afirmarmos que os portugueses arrancam no ‘top ten’!

Haverá até quem considere que temos dois representantes portugueses no ‘top ten’ das motos e são ambos pilotos da Hero Motorsport. Mas, para isso, Sebastian Bühler – que vive em Lisboa e foi o quinto mais rápido – devia competir com licença desportiva portuguesa; e optou por inscrever-se como alemão, de acordo com a sua nacionalidade. E em contraste com Bühler, Alexandre Azinhais, mesmo tendo nascido em Biarritz, optou pela nacionalidade portuguesa e não francesa; é ele o terceiro ‘motard’ nacional, aos comandos de uma KTM 450 Replica, tendo-lhe cabido o 71º posto entre as 101 motos classificadas.

Passando à classificação dos Veículos Ligeiros, que juntam os SSV dos grupo T3 e T4, temos duas duplas nacionais entre as 61 classificadas, que também confirmam a validade do título ‘portugueses arrancam no top ten’: graças ao nono lugar absoluto, Rui Carneiro e Filipe Serra vão sair entre os primeiros. E em 21º lugar, temos Lourenço Rosa e Joaquim Dias. Ambos tripulam Can-Am’s, mas Rui Carneiro alinha no grupo T3, onde foi o quarto melhor, enquanto Rosa compete no grupo T4, onde foi o 12º mais rápido.

Este domingo, a caravana arranca final de Jeddah, rumo a sul, para cumprir a primeira etapa verdadeiramente ‘a doer’, que terminará em Bisha, depois de cumpridos 345 quilómetros. O primeiro sector selectivo terá 277 quilómetros que se anunciam através de pistas pedregosas, onde a navegação não será fácil. E onde o risco de furar será bastante elevado. Logo veremos o que vai acontecer e que surpresas nos trará a próxima jornada…

Texto: Alexandre Correia Fotos: D.R.

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